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Já conhecido por adaptar histórias reais para os cinemas, o diretor Bennett Miller dessa vez resolve colocar o dedo na cara de um orgulhoso país chamado Estados Unidos. Olimpíadas após Olímpiadas, colecionando medalhas e seus atletas patriotas enchendo o peito para falar sobre o quão maravilhoso é seu país…
Miller resolve contar uma história que pode não ter chocado o mundo, mas feriu o narcisismo americano.
Apesar do spoiler no subtítulo brasileiro: “chocou o mundo“, a direção de Miller faz com que você esqueça da ansiedade de esperar pelo tal momento, e as atuações memoráveis do trio principal Channing Tatum, Mark Ruffalo e (principalmente) Steve Carell transformam “Foxcatcher” em um filme magnífico, inacreditavelmente deixado de fora da lista dos Melhores do Oscar.
Mark Schultz (Channing Tatum) é um ex medalhista olímpico de 1984. A maneira como o atleta é apresentado já deixa claro a intenção do filme em mostrar esse outro lado do esporte: Mark palestrando em uma escola por 20 dólares, almoçando fast food e jantando macarrão instantâneo.
Mark é irmão do também medalhista Dave (Mark Ruffalo), e ambos acabam se envolvendo com John du Pont, da tradicional Família du Pont, que após enriquecer durante a Guerra Civil, se mantém na indústria de químicos. John leva Mark e Dave para a fazenda da família, onde criou um centro de treinamento megalomaníaco para jovens atletas, na intenção de descobrir e valorizar talentos.
Bennett Miller não tem pressa em contar essa história que “chocou” o mundo, e de uma maneira muito sutil vamos conhecendo John du Pont, sua estranha personalidade e reais intenções. E graças a atuação brilhante de Steve Carell, o personagem transmite um certo terror apenas ao respirar.
“Foxcatcher” vai aos poucos mostrando o quão doentia é essa busca pelos holofotes, e como os dircursos patriotas podem ser vazios. E enquanto Steve Carell brilha e rouba toda nossa atenção, Ruffalo e Tatum se portam como coadjuvantes de luxo, em um trabalho corporal incrível, nos fazendo acreditar fortemente que estamos diante de dois atletas de luta grego-romana.
Enquanto essa temporada de premiações nos mostra o quanto o americano gosta de se punhetar, seja com o garoto baterista, seja com o atirador que tirou a vida de 250 pessoas, “Foxcatcher” mostra justamente o outro lado. Sem superação, sem positivismo, sem justificativas para certos atos.
Apesar de receber 5 indicações ao Oscar (Melhor Diretor, Melhor Roteiro, Melhor Ator, Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Maquiagem), fica um descontentamento desse que vos fala por não ver “Foxcatcher” entre os 8 Melhores. De fato, deve ser difícil lidar com algo que mostra um lado não tão glorioso assim daquilo que os americanos estão acostumados a ver de 4 em 4 anos em eventos Olímpicos.
FOnte
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